Ery Nunes

Ery Nunes é um artista que carrega em cada traço e cor uma história viva, profundamente enraizada em sua experiência pessoal e em sua conexão com o ambiente urbano. Autodidata e dono de um olhar singular, Ery cresceu em Catingueira, no sertão da Paraíba, onde deu os primeiros passos na arte explorando colagens e técnicas versáteis como pastel, pintura a óleo e acrílico. Com mais de 25 anos de trajetória, ele encontrou na arquitetura das cidades e na vitalidade das paisagens naturais uma fonte inesgotável de inspiração, moldando um estilo que combina expressão plástica e uma busca constante por harmonia entre formas e cores.

A obra de Ery Nunes vai além de retratar paisagens urbanas; ele as desconstrói e reinterpreta, criando um diálogo constante entre o concreto e o abstrato. Suas telas têm uma energia pulsante, construída camada por camada em uma sobreposição meticulosa que ecoa a própria estratificação das cidades. Ery captura a essência da arquitetura e sua geometria intrínseca, traduzindo-as em uma linguagem pictórica poderosa e única.

Embora influenciado pelo concretismo e abstracionismo, essas correntes servem apenas como ponto de partida. Ery transcende esses movimentos, criando uma arquitetura pictórica própria — um "novo visual" que desafia a percepção do espaço urbano. Fragmentos geométricos se encaixam e se deslocam, criando um ritmo visual que evoca a dinâmica incessante das metrópoles. Ele não busca a representação fiel, mas sim a evocação da experiência urbana, marcada pelo movimento e pela constante transformação da paisagem.

Essa essência também se reflete na escolha de cores. Ery evita o óbvio e a reprodução mimética da realidade, optando por tons vibrantes e, por vezes, contrastantes, que capturam a complexidade e vitalidade dos cenários urbanos. As cores não apenas constroem a narrativa, mas também ditam o ritmo e guiam o olhar do espectador por entre as camadas de tinta, revelando as estruturas ocultas da paisagem urbana.

A arte de Ery Nunes é um convite à reflexão sobre o espaço que habitamos e nossa relação com o urbano. Suas obras não oferecem respostas fáceis, mas sim novas perguntas e ângulos de observação. Nesse constante questionamento reside a força e a atemporalidade de sua arte. Não se trata apenas de observar a cidade, mas de senti-la, de vivenciá-la através de uma lente prismática que revela a poesia oculta na geometria das ruas, na verticalidade dos edifícios e na pulsação incessante da vida urbana.