Ferreira

Louis Marius Amorim Ferreira de Moraes (Santos, 13 de março de 1953).

Pintor.

As obras de Ferreira retratam as imagens do paraíso da Mata Atlântica, seus pássaros, suas fontes e seus habitantes. Seu trabalho busca revelar a verdade cotidiana dessa região, mais precisamente na Estação Ecológica Juréia-Itatins. Desde jovem, além da pintura, também se interessou por música, influenciado pelo avô, que era maestro e pianista. Sua mãe, também pianista, o incentivou a se interessar pela arte.

Ferreira, que passou parte de sua infância com os avós, brincava com sobras de telas e tintas que sua avó, que pintava porcelanas e criava pequenas obras de arte, lhe oferecia. Durante a adolescência, morou com seus pais em São Vicente, no litoral de São Paulo, e gostava de frequentar uma vila de pescadores da região chamada Guamium. Passava grande parte do tempo nessa comunidade e, com os pescadores, muitos deles caiçaras, aprendeu a fabricar pirogas, redes de pesca, canoas e a aperfeiçoar suas técnicas de pesca, tornando-se, eventualmente, um pescador profissional.

Embora gostasse dessas atividades e ganhasse a vida assim, Ferreira nunca deixou de desenhar. Rabiscava e pintava cenas do cotidiano, paisagens do litoral, bares, barcos e portos, utilizando o que estivesse à mão: carvão, giz de cera, lápis de cor ou sobras de tinta usadas na pintura dos barcos.

Mais tarde, quando a pesca se tornou inviável devido à degradação ambiental, passou a trabalhar no porto de Santos, onde percebeu o interesse dos turistas por seu estilo de pintura. Assim, começou a pintar e vender pequenas telas com tinta acrílica. O início foi difícil, mas, ainda assim, percebeu que poderia melhorar, expandir seus horizontes e viver da venda de sua arte.

Entre 1989 e 1990, já vendia suas obras na Praça da República, em São Paulo, na tradicional feira de arte da cidade. Nos anos 1990, começou a expor seu trabalho na galeria Jacques Ardie, também em São Paulo. O reconhecimento foi imediato. Ele vendeu todas as obras de sua primeira exposição individual e começou a exportar para a França e os Estados Unidos. Sua obra passou a ter grande aceitação internacional e, desde então, realizou exposições em todo o mundo, com suas telas figurando em museus e coleções particulares em vários países.

Ferreira transfere para suas telas suas experiências, revelando um trabalho muito pessoal e internalizado. Ele interpreta a realidade em que viveu e o universo onde está inserido, com extrema sinceridade visual. Seu estilo é marcado por cores vibrantes, muita imaginação e uma forte capacidade de síntese. Isso garante grande aceitação de sua obra nos Estados Unidos e na França, além de Israel, Canadá, Espanha, Suíça, México e Japão. Ferreira desenvolve uma linha naif baseada na intuição, que surgiu naturalmente e permanece em constante aprimoramento técnico, com um interesse atual nos mestres holandeses.

Acima de tudo, a arte de Ferreira possui uma preocupação estética. Ela não se rende às preferências individuais do observador, mas busca a melhor forma de expressar seu mundo interior com uma atitude profissional em relação às artes. Isso significa uma ação intensa e séria contra a acomodação. Os caminhos de maturação de seu estilo pessoal incluem uma atitude visionária. Ferreira nunca deixou de pesquisar, tanto sobre temas quanto sobre técnicas, para unir o poder da intuição com uma pesquisa estética sobre o universo da Juréia. O pintor não se limita a repetir fórmulas, mesmo que estas pareçam funcionar.

Um dos fascínios de ser autodidata está precisamente no poder de não seguir nenhuma escola específica. Sua produção torna-se cada vez mais sofisticada pelo compromisso de criar obras melhores, desenvolvendo variações de acordo com sua própria capacidade de trabalhar elementos como cor e composição.

A fidelidade ao individualismo de suas ideias e o compromisso de construir uma obra plástica cada vez mais coesa, sem perder o lirismo e a distinta poética, garantem a Ferreira sua posição como um artista naif autêntico. As composições com montanhas, florestas e rios ou enseadas estabelecem um equilíbrio plástico, tanto em termos de elementos formais quanto, principalmente, filosóficos, já que as telas de Ferreira não transmitem inquietação. Elas são uma manifestação de serenidade no conturbado universo do século XXI.

Exposições Individuais

1979 - São Vicente Yacht Club, São Paulo

1980 - Secretaria de Cultura de São João da Boa Vista, São Paulo

1991 - Associação Médica de Santos, São Paulo

1994 - Galeria Jacques Ardies, São Paulo

1997 - Galeria Jacques Ardies, São Paulo

2004 - Galeria Jacques Ardies, São Paulo

2006 - Galerie Jacqueline Bricard, Lourmarin, França

2007 - Galeria Um Lugar ao Sol, Curitiba, Paraná, Brasil

 

Prêmios

1980 - Menção Honrosa, Expofarps, Universidade de Arte de Santos, São Paulo - Brasil

1991 - 1º Lugar, Grupo de Arte Folclórica, Câmara Municipal de Santos, São Paulo - Brasil

1997 - Primeiro lugar pelo júri - Chapel Art Show, São Paulo - Brasil

1997 - Primeiro lugar no voto popular - Chapel Art Show, São Paulo - Brasil

 

Publicações

Enciclopédia Itaú Cultural

Contando a Arte de Ferreira - Oscar D'Ambrosio - Noovha América Editora (Ed. 2011 - Brasil)

Artes Plásticas no Brasil – Catálogo Julio Lousada - Vol. 3/405, 4/394 e 6b/391

Arte Naïf no Brasil – Editora Empresa das Artes

The Naive World – Gina Gallery - Tel Aviv, Israel (Edições 2005/06/07)

História de Santa Catarina - Ed. Cuca Fresca

Atmosphere Business Class - Art Painting abril/2009

The Naive World 2011-2012 - Gina Gallery, Israel

Catálogo Gina Gallery 2016 - Naïves of the World (Brasil)

Atmosphere Magazine - Julho de 2018

USP Universidade de São Paulo - Ruínas do Engenho - Guia do Aluno (Ilustrações) 2019